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“Meu nome é Francisco Medina, sou cubano e agradeço ao Senhor por esta oportunidade de poder compartilhar o que Deus fez em minha vida. Também agradeço a Deus pelo ministério da MAIS que nos acolheu, pelas pessoas que nos deram a possibilidade de estar aqui com eles neste momento em que viemos como refugiados para o Brasil. Agradeço à equipe de trabalho da Missão MAIS que cuida de cada uma de nossas necessidades. Louvo a Deus por suas vidas.

Em Cuba, 26 de Julho de 1984, pela primeira vez o evangelho chegou à minha casa. Meus pais não eram crentes; especialmente meu pai; que havia sido um lutador do movimento “Revolução Cubana”. Quando meu irmão veio à minha casa com o evangelho, foi um espanto para eles. Na verdade, meu pai se opôs completamente a que pudéssemos ouvir o que ele trazia e lembro que naquele momento meu irmão me presenteou com o novo testamento, um Novo Testamento que sempre me acompanhará.

No ano de 1994, entreguei minha vida a Jesus Cristo num momento em que estávamos passando por uma crise familiar. Meu pai estava hospitalizado. Ele sofria de uma doença que acabou o levando à morte, mas, naquela circunstância eu pedia a Deus para ajudar minha família; para ajudar também a mim e a meu pai. No entanto, Deus tratou minha vida de uma maneira especial.

Lembro-me de uma tarde em que estava com um colega de trabalho. Estávamos sozinhos, eu abri o Novo Testamento no armazém e comecei a buscar a Deus. Comecei a me humilhar na presença do Senhor. Estava reconhecendo meus pecados e comecei a me sentir muito distante de Deus. Os pecados nos quais eu estava envolvido haviam me separado completamente dEle. Foi como se Deus começasse a colocar em meu coração o desejo de arrependimento para buscá-lo em oração. Comecei a confessar meus erros e Deus começou a me curar, trazer paz sobre a minha vida; sobre meu coração. Foi uma experiência muito linda. Naquele momento senti a presença de Deus e posso dizer que pela primeira vez abri meu coração para que Deus trabalhasse por completo em minha vida.

De uma forma especial, também quero contar que naquela época me reuni no município onde morava, em San Juan y Martínez, na Primeira Igreja Batista de San Juan e ali comecei a ouvir a Palavra do Senhor e a fazer mudanças significativas em minha vida.

Estando lá na igreja, Deus começou a tratar comigo e me chamou para O servir no ministério pastoral. Conversei imediatamente com o pastor sobre o que eu estava sentindo no meu coração, sobre o desejo que eu tinha de começar a pregar o evangelho, de ir onde pessoas não o conhecem e conversar com elas sobre Jesus Cristo.

Foi uma experiência muito legal, porque começou o que seria não só minha nova vida em Cristo, mas também no servir ao Senhor naquela área ministerial. Lá comecei a evangelizar e Deus me enviou para uma igreja que era distante da nossa cidade. Comecei a pregar para as pessoas daquela comunidade, os irmãos começaram a ser discípulos de Jesus e juntos fizemos um lindo trabalho naquela igreja. Esses foram os primórdios do que foi meu ministério na obra do Senhor, mas depois Deus continuou tratando da minha vida e finalmente passei a pastorear várias igrejas como missionário leigo. No ano de 2005, pude iniciar meus estudos no seminário batista de Havana, onde por 4 anos pude me preparar, recebendo desses irmãos do seminário toda a preparação necessária no ministério o qual Deus já havia me Chamado em 2009. Assumi por fim, o pastorado da Igreja Batista Sião em San Cristóbal.

A tarefa foi difícil, lembro que no início o governo me ligou para avisar das coisas que eu poderia ou não fazer como igreja. E começa aí, toda uma batalha psicológica por parte do governo contra mim enquanto pastor. Em diversas ocasiões me ligaram, pois queriam que eu lhes prestasse contas. Permaneci focado, segui em frente confiando no Senhor. Entendi que o chamado que Deus tinha me dado era para anunciar o evangelho. Ele não me havia chamado para fazer política ou para me envolver em assuntos que tivessem relação com o governo. Esse posicionamento começou a trazer algumas dificuldades para meu ministério.

Uma das coisas que o governo fez foi começar a introduzir algumas pessoas em nossa igreja com a intenção de informá-los como estávamos desenvolvendo nossa vida cristã. Ao pregar, essas pessoas copiavam minhas mensagens e depois as levavam ao governo para que soubessem como eu estava conduzindo a igreja. Esse tipo de coisa era muito difícil.
Certa vez, uma dessas pessoas se aproximou e disse: “Pastor, eles estão te dando algo para depois te tomar”. Aquilo pareceu ser para me intimidar. Seguimos em frente, tivemos experiências que marcaram nossas vidas naquele lugar.

Em termos de tudo que foi essa perseguição do governo contra nossa igreja, em uma ocasião eles tentaram impedir que nossa igreja fizesse obras para reconstruir o templo. Uma vez eles tentaram nos impedir de iniciar qualquer tipo de reforma.

O diretor da companhia elétrica se opôs veementemente a que prosseguissemos com o trabalho, mas Deus foi bom e nos deu a vitória. Recentemente, recebi a visita de um irmão e ele me contou que seu tio era um líder político na cidade de San Cristóbal e o mesmo havia lhe contado sobre querer embargar a obra. Eles não queriam que nossa obra fosse adiante.

Agradeço a Deus porque apesar da oposição cubana, a obra pôde ser concluída; porém mais do que isso, em meio a tantas oposições enfrentadas desde o início, a igreja continuou se multiplicando por meio de pequenos grupos. No nosso templo, pudemos servir ao Senhor por 15 anos em ministério pastoral. Mesmo em contexto de perseguição, podemos encontrar na Bíblia: ‘Onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus’. Deus se manifestou em nossas vidas, de forma que vimos uma igreja crescer apesar de toda oposição”.
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📸A Páscoa Invisível é um collab de foto-jornalismo com o @flninvisivel e a @fhopbr pra criar consciência sobre uma das maiores tragédias sociais que é a crise migratória oriunda da perseguição religiosa.

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