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“Ide”. Essa palavra tão conhecida e utilizada por Jesus para enviar seus discípulos tem uma conotação significativa quando falamos de Missão. Seja em Marcos 16 ou Mateus 28, normalmente lemos a Grande Comissão pensamos nesse envio e, com um coração servo, buscamos seguir as palavras de nosso Mestre.

É preciso refletir, no entanto, sobre o peso e a importância que damos para isso. Uma das heranças dos anos 80 e 90 é o conceito de Missões baseado em passagens bíblicas como essas, que contêm ordens claras, os chamados “versículos missionários: “Ide por todo mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) e “Ide, portanto fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.18).

Há uma característica comum nesses dois trechos. Vemos aqui dois mandamentos explícitos de nosso Senhor Jesus. E, pelo fato de basearmos a nossa definição de missões principalmente nessas passagens bíblicas, que possuem claramente um mandamento ou uma ordem, a nossa conclusão missiológica nos anos 80 e 90 acabou sendo óbvia: existe uma ordem da parte do nosso Senhor Jesus, “o nosso general é Cristo” e que somos parte do Exército de Deus.

Com essa perspectiva, começamos a ter uma visão triunfalista da missão, e sua definição passou a ter uma conotação quase que militar, já que era fruto de uma ordem de um lado e da obediência do outro. E, obviamente, se meu general é Cristo e Ele me deu uma ordem não me resta alternativa a não ser obedecer e fazer parte do Exército de Deus sabendo que romperei em fé e conquistarei as hostes do inimigo. Assim, tornou-se comum utilizar termos como “estamos em uma guerra”, “precisamos recrutar”, “fazer campanhas”, “realizar cruzadas”, “conquistar povos não alcançados”, “derrubar fortalezas” etc.

É claro que não existe problema algum com esses versículos que comunicam mandamentos. Não existe nada, nada!, de errado em evangelizar, discipular ou estabelecer igrejas, no Brasil e outros países. São aspectos que estão claramente explicitados na Bíblia. O problema não é o que a nossa definição de missão tradicional afirma, mas sim no que ela deixa de afirmar.

O problema passa, então, a ser que “esquecemos” quem é o protagonista da Missão. Quando levamos em consideração tanto os versículos que registram mandamentos, como aqueles que apresentam aspectos específicos sobre o caráter e ação de Deus no mundo, a conclusão a qual chegamos é que, na verdade, a missão de abençoar o mundo por meio do Evangelho, de levar cura e libertação para as nações, é a Missão do próprio Deus, e não a minha! Não estamos entendendo que a Missão é de Deus, e nós, como seus coadjuvantes, somos chamados a fazer parte da Sua missão “sendo testemunha do Senhor Jesus e de todo o seu ensinamento, em todo o mundo”.

É a missão do Deus Trino; Pai, Filho e Espírito Santo. É Ele quem toma a iniciativa. Ele é o protagonista. Você e eu somos coadjuvantes da Missão de Deus de abençoar todos os povos, desde o Brasil até os confins da Terra, pois é Ele quem salva e liberta. Somos salvos pela graça dEle, não por nossos méritos. É Ele quem convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16).

É Ele que venceu a morte, quem criará um novo céu e uma nova Terra. É Ele que enxugará toda lágrima e eliminará toda dor. É Ele que vai aniquilar tudo que é impuro, enganoso e vergonhoso, quando criar o novo céu e a nova terra.

Diante disso, é fantástico e incrível ver que, mesmo sendo soberano e apesar de a Missão ser dEle, Deus está nos chamando para termos um grande privilégio de participar da obra dEle, com Ele. Nós não somos dignos, mas por causa do sacrifício de Cristo na cruz, somos convidados, como coadjuvantes do Deus Todo Poderoso, a fazermos parte da sua Missão de levar cura para todas as nações, a chorar com os que choram, dar voz a quem não pode defender-se.

Lembremos, então, do Senhor da História, Autor da Salvação e aceitamos o convite que Ele nos faz, a participarmos com Ele, não por quem somos, mas porque Ele é Eu Sou.


(Texto adaptado do original publicado em Ultimato: “Missões: reducionismo, falsas dicotomias e novos desafios“, Marcos Amado)

Este post tem 2 comentários

  1. Maria Natalice Francelino da Silva

    Gloria a Deus por essas palavras. O Senhor tem bradado em meu coração no que diz respeito a urgência da evangelização, eu creio que tenho chamado missionário, estou a espera da conclusão de uma graduação em maio de 2017, se assim o Senhor me permitir, para que assim tenha a oportunidade de sair da minha cidade e fazer um curso de missões no CTMais. Trabalho com evangelismo na minha comunidade e na minha universidade e sinto Deus me chamando a obra missionária cada vez mais.
    Desejo muito conhecer mais a MIssão Mais e fazer o curso de missiologia no CTMais, estou orando e crendo que o Senhor confirmará ao meu coração o tempo de ir me preparar para a obra missionária. Acompanho o trabalho do Pr. Homero na Jordânia e oro todos os dias por esta missão.
    Desejo manter contato com vocês.
    Deus os abençoe!!!

    1. Equipe MAIS

      Maria, Deus te abençoe e guie seus passos nos caminhos dEle. Obrigado pela mensagem 🙂

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