Em uma manhã gelada, com um sol tímido aparecendo, tentei sentir e compreender o processo. Nessa hora, uma brisa cortante veio em minha direção e então eu entendi: Processos doem. E doem, pois, geralmente envolve ter que abrir mão de hábitos. Mas, lembrei que em outros momentos, a brisa cortante surgiu como afago. E o afago que corta a dor é bom.

Passei, então, a olhar o céu e notei que a lua ainda estava lá. Se despedindo aos poucos, adentrando o azul infinito do dia. Então eu entendi: Existem as fases de permanência e as de despedidas, mas, há também as fases de recomeço. E elas surgem de uma forma tão brilhante quanto a lua ao anoitecer e, é neste processo que a escuridão evidencia sua formosura.

Neste instante, vi quatro passarinhos discutindo em alto e bom tom, mas sem se separar uns dos outros, voando na mesma direção. Eles eram intensos, porém seus voos leves. Então eu entendi: Relações que caminham para o mesmo objetivo, por mais que tenham seus entraves, permanecem e se fortificam. Ah, a beleza do processo!!!

Olhei então para o campo a minha frente e vi um senhor observando a terra, pronto a lançar as sementes em suas mãos. Então eu entendi: Observar, contemplar e conhecer, ajudam na germinação. Isso significa que é necessário cautela e paciência tanto para plantar, quanto para colher. No mesmo campo, notei a diferença entre a grama de um lado e do outro. Haviam pontos mais verdes e outros não. E então eu entendi: Mesmo que a aparência não seja favorável, sementes continuam sendo necessárias. Necessitamos de esperança para crer na transformação dos solos de nossas vidas.

Parei, e então senti uma inquietação em meu peito e rapidamente meus olhos corriam para o mesmo lugar, como que quem procura por algo. Então eu percebi que esperar também é buscar. A ânsia pelo novo é como chuva que rega o árido coração. O desejo faz parte da busca. Ele só não pode nos dominar, mas precisa existir. Processar também é aproveitar.

Depois de uma longa pausa contemplativa, fechei os olhos e vi o menino sorrindo e caminhando em minha direção. O sol pareceu ficar mais intenso nessa hora e então eu entendi: A imaginação saudável precisa ser nossa amiga no processo para que a crítica não roube de nós o brilho das possibilidades.

Terminei esses pensamentos sorrindo e então observei todo o cenário a minha volta. A brisa, o sol, os pássaros, a lua, o senhor, as sementes, a grama, a inquietação, o coração e o menino. Tudo pareceu como uma dança única, ao som de uma música maior. Então olhei para as árvores que fazem uma parede ao redor de tudo e me senti segura. Entendi que a grandeza dEle transcende todas as pequenezas da minha vida.

Fechei os olhos e mais uma vez pude senti-lo e então passei a ouvi-lo. Sua voz me trouxe pertencimento e propósito. Então eu entendi que nada foge do seu controle, que o extraordinário está no ordinário e que por conta de sua presença, eu e você podemos viver o processo em paz.

*Yasmim Renata é artista, membro da Igreja Presbiteriana de Curitiba, estudante de teologia e participante do módulo de vocação, no Centro de Treinamento da MAIS.

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