“No mês passado, fomos convidados por um de nossos irmãos paquistaneses para uma refeição em sua casa. Timothy* tem 22 anos e está na Itália pois precisou sair de seu país: com uma mentira criada e armada para ele, foi acusado de blasfêmia, como a maioria dos que sofrem perseguição no Paquistão. Ele foi espancado até desmaiar e acordou em uma casa de saúde sem saber como chegou lá. Fugiu para sobreviver e fez uma longa jornada até chegar na Itália, onde está há um ano. Ele conta que no início do ano entrou em contato com sua família; poucos dias depois, soube que seu pai havia sido assassinado. Desde então, Timothy tomou a decisão de não entrar mais em contato com eles, com receio de colocar em risco a vida de seus familiares.
Timothy nos recebeu em seu apartamento, onde vive com mais seis refugiados (seu companheiro de quarto também é paquistanês, mas muçulmano). Aqui, o governo disponibiliza moradia para pessoas em situações de refúgio até que seu caso seja julgado. Muitos aguardam em campos de refugiados, enquanto outros são alocados em apartamentos como o do Timothy. Se concedido o documento de refúgio, eles têm até seis meses para encontrar um trabalho e viver com seu próprio sustento, não recebendo mais auxílio do governo.
Era perceptível a alegria do Timothy em nos receber. Ele preparou um prato tipicamente paquistanês — e delicioso. Durante o almoço, ele nos disse que estava muito contente com a nossa visita e que sente muito por não poder falar com sua família no Paquistão. Então, nos disse o quanto é grato a Deus, por estarmos aqui e pela família que somos para ele.
Mesmo tendo passado por tudo o que passou no Paquistão, perder seu pai já aqui na Itália, encarar os desafios de aprender uma língua tão distante da sua, se integrar à sociedade e não poder falar com sua família, Timothy tem nos ensinado como é viver satisfeito com o que tem. Ele tem nos ensinado a confiar no Deus que promete nunca nos abandonar; e ainda nos trouxe à memória a família que podemos ser uns para os outros, por causa do nosso irmão mais velho, Cristo Jesus.
Nesse processo de adaptação, temos percebido o quanto sentimos falta da nossa família e amigos. Algumas vezes, nos sentimos tristes, cansados ou insatisfeitos com coisas pequenas, mas sabemos que isso faz parte do processo que temos vivido. Por isso, a cada dia, Deus tem nos dado sinais do seu cuidado por nós, em pequenas ações, como essa do Timothy.
Oramos para que o Senhor renove a sua e a nossa esperança, lembrando da promessa de que Ele está sempre conosco; que Ele nunca nos deixará e que Ele nunca nos abandonará. Por isso, podemos dizer com confiança: “O Senhor é o meu ajudador, não temerei”(Hb 13:6)”.
Esse testemunho é de nossos missionários na Itália e nos traz esperança, porque podemos ver a unidade real da Igreja de Cristo. A igreja estável e a Igreja Sofredora, juntas, em um relacionamento que tem como fim principal glorificar a Deus. Um aprende com o outro, um ensina o outro, porque para a cada um o Grande Escritor fez uma história única e especial. E Ele nos dá o privilégio de fazer parte da Sua missão, com Ele, em favor dos que sofrem.
O pastor Jeremias Pereira esteve conosco durante o Converge, no dia 11 de agosto, e a partir do texto de Filipenses 1.3-11, nos lembrou dessa unidade. Assim como o povo de Filipos, que estiveram com Paulo em suas alegrias e tristezas, acompanhando sua jornada e tomando seus sofrimentos somo se fossem seus, nós devemos nos unir à igreja que sofre. Se trata de percebê-los, mobilizar mais pessoas pela sua causa e repartir.
Não deixe de orar conosco pela família de Timothy, que ainda está no Paquistão, para que tenham segurança e vejam sinais e tenham certeza da presença de Deus com eles. Ore também pelos projetos desenvolvidos por nossos missionários em todo o mundo, para que eles continuem sendo luz na vida de outros irmãos, na vida da igreja sofredora.
*Nome alterado para proteger a identidade de nosso irmão e sua família.