Há cerca de um ano realizávamos um sonho enquanto organização: implantávamos nossa primeira base no continente africano. Poderíamos relatar aqui as grandes e pequenas conquistas que já compartilhamos eventualmente por meio de matérias. Mas queremos fazer diferente. Quem melhor para falar dessa experiência do que a família que abraçou o desafio e atravessou o oceano Atlântico para serem nossos braços e alcançar, acolher e fortalecer a igreja que sofre no coração da África? Por isso, abaixo segue a primeira parte do que poderíamos chamar de “uma crônica missionária”.

Kampala, 19 de agosto de 2015

“Era pra ser um ano de adaptação, de fato. Mudamo-nos para Kampala, Uganda, em agosto do ano de 2014, com muitas expectativas, paixão e esperança. Viemos como família: eu, Natasha e o pequeno João, que na época não havia completado nem um ano.

Além de tudo, havia muita ansiedade também. Podemos até não querer pensar assim, mas muitas vezes desejamos ser os heróis ao obedecer o chamado de Cristo. Mas a verdade é que somos humanos e fracos. O que vai acontecer? Será que vamos nos adaptar? Será que vamos conseguir aprender a cultura local? Meu Deus, nós iremos sobreviver?

Aqui estamos, um ano depois. Não posso dizer que foi fácil, pois os desafios foram muitos e continuam existindo diariamente. É bom trazer a memória algumas coisas que foram difíceis para nós durante este último ano. A primeira delas foi a dificuldade com a língua, mesmo sendo o inglês, mas com um diferente sotaque e expressões; a  cultura; as pessoas novas. O medo também foi algo a ser superado inicialmente. Medo por sermos “diferentes”, e assim sermos alvo da violência ou do preconceito.

O sustento foi outra dificuldade: o dólar subiu neste período de $2,26 para $3,46. Isso significa que todo o nosso modesto planejamento inicial foi por água abaixo. ‘Senhor, será que sobreviveremos no campo?’ – constantemente nos perguntávamos. Emocionalmente, foi também bem pesado, pois estamos “sozinhos” em Uganda, sem família ou amigos do Brasil. Muitos momentos de incertezas quanto ao futuro, muitos momentos de ‘certezas’ de nossa incapacidade.” (Continua)

Jonatas, Natasha e João