É cedo. O sol ainda não apareceu e a neblina cobre boa parte das montanhas. O silêncio se faz presente mesmo em meio ao cantar dos pássaros. Daqui a pouco obreiros e alunos estarão despertos, envolvidos na devocional da manhã, se preparando para as tarefas do dia. O movimento vai começar.

O café foi passado e o salão se enche com as conversas frescas do dia. Todos tomam café e partem o pão. Uma só mente, uma semente brotando dentro de cada coração, esperando se tornar em frutos como mansidão, bondade, alegria e paz. O grupo se divide, mas não há divisão: uns estão aprendendo na sala de aula e outros estão aprendendo no dia a dia. Não há mestres, apenas discípulos e aprendizes.

Enquanto a neblina paira sobre a grama ainda branca coberta do orvalho da noite fria, alguns correm, outros vão a passos lentos descendo o morro, tropeçando nas pedras, limpando os pés de barro e indo ao encontro da kombi. A chave gira na ignição, antes do motor roncar e os pneus tocarem a estrada. O último fecha o portão, pula porta adentro e partem todos para mais um dia de trabalho.

A kombi vai rasgando a névoa entre as montanhas, cortando os vilarejos à beira da estrada, sombreada pelas imponentes araucárias. Dentro dela, um olhar parece perdido, mas só parece: acompanha a trilha e a grama que passa rápido. O aceno do senhor regando sua horta é o bom-dia que, diariamente, cumprimenta os de dentro do carro como se fossem velhos conhecidos.

Quando aporta na cidade, todos encontram suas cadeiras, suas xícaras de café, chá ou chimarrão e logo se agrupam para as devocionais. As orações de cada dia aquecem o frio desse outono gelado. Em roda, de mãos dadas, as súplicas são levadas ao Pai, formando um só espírito. Os corações se derramam diante do Pai e procuram alento, buscando a esperança para viver mais um dia em Cristo, ser igreja, ser Corpo e tocar a igreja que sofre.

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