Vários capítulos da história da igreja cristã no Oriente Médio foram escritos com o sangue dos mártires, para quem o “carregar a cruz” teve, e ainda tem, um sentido muito mais literal que metafórico. Uma história silenciosa e, muitas vezes, silenciada. Mas hoje vivemos em um mundo globalizado, em que a instantaneidade da informação é uma realidade que nos conecta e mobiliza em proporções jamais antes imaginadas. E este contexto aproxima sociedades como a nossa, no Brasil, que desfrutam de direitos e liberdades, de outras sociedades onde os direitos universais dos seres humanos são limitados ou mesmo suprimidos diante de governos autoritários, grupos terroristas, guerras ou intolerância, entre outros fatores.

No dia 15 de fevereiro, uma imagem clara da real perseguição sofrida pelos cristãos no Oriente Médio inundou noticiários e timelines de redes sociais no Brasil e no mundo. Um vídeo mostrava a decapitação de 21 cristãos coptas egípcios por militantes do grupo extremista que se autodenomina Estado Islâmico. Em árabe e em inglês, a inscrição sobre “o povo da cruz” no vídeo de pouco mais de cinco minutos deixava claro porque aqueles homens haviam sido alvo de tamanha crueldade. A barbárie iniciada pelo grupo já tinha sido proclamada ao mundo desde o anúncio do califado, em junho passado. As atrocidades cometidas contra os cristãos também já eram sabidas desde então.

 Mas a inscrição contra “o povo da cruz” fez mais do que a brutalidade geraria de repúdio, horror e solidariedade. A inscrição uniu todos aqueles que são chamados cristãos sob o signo da cruz. Não existe lugar para o meio-termo nem para a neutralidade. Não apenas a opinião pública, mas a igreja brasileira, principalmente, se lembrou de que ainda existe uma igreja que sofre no Oriente Médio, e sofre muito. E essa lembrança trouxe união, que não se limitou a ser expressa em mobilização. Mas, sim, uma união que hoje é manifesta em oração e jejum em favor daqueles que sofrem. E até em favor de seus perseguidores.

E ainda que a perseguição seja bíblica, nosso desejo é que não seja preciso que mais cristãos sejam assassinados brutalmente para que nos lembremos. Pelo contrário, que a extensão, diversidade e necessidades dessa igreja estejam sempre permeando nossas orações e nossas ações. Como em uma grande família da fé.

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