Imagine uma mulher segurando sua criança de 10 meses próxima de sua barriga, que carrega a filha que ainda levará uns meses para vir ao mundo. Enquanto isso, há uma fila de metralhadoras apontadas para essa mulher e única coisa que ela pode fazer é clamar a Deus que Ele leve-a antes dela ver sua família morrer diante de seus olhos. Imagine depois de muitos meses ainda ter pesadelos, e não conseguir ouvir a língua dos inimigos sem ter um ataque de ansiedade. Agora imagine demonstrar amor quando pessoas do país que invadiu o seu voltam apenas 10 anos depois de terem deixado-o. Essa é a história real de uma mulher que esteve, literalmente, a segundos de ser morta por soldados sírios na batalha com o Líbano, no último dia da guerra libanesa.
Por seis anos, essa mulher lutou com o medo que sentia ao ouvir alguém falando árabe com sotaque sírio. Hoje, ela serve entre a comunidade de refugiados que vive em Beirute, ajudando mães sírias a receberem auxílio médico e a matricularem seus filhos na escola, ouvindo as histórias de guerra e traumas que essas mulheres também têm. Ela está amando o inimigo dela — e faz isso por que Jesus disse para ela fazer.
Multiplique essa história por algumas milhares e você começará a ter uma ideia do que é seguir a Jesus no Líbano. Quando Jesus disse “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mt 5:44), ele não estava falando do seu vizinho que fica ouvindo música alta ou do outro que fuma no corredor. A natureza tribal e dividida da cultura do Oriente Médio é algo que alguém do ocidente não consegue começar a entender a menos que visite e conheça a região. Cristãos do ocidente (como Europa e Américas), de forma consciente ou não, gostamos de pensar que inventamos o cristianismo e que as interpretações das palavras de Jesus que fazemos são as corretas, esquecendo-nos de que elas foram ditas ali, no Oriente Médio. Como cristãos do ocidente, não conseguimos imaginar o que seja “Amar o nosso inimigo” da maneira que Jesus disse para fazermos, justamente por não termos inimigos entrando pelas portas de nossas casas e igrejas, querendo tirar nossas vidas por sermos seguidores de Cristo.
“Eu sou tão grata por Deus não responder a todas as minhas orações. Com a minha pequena fé, orei para morrer antes da minha família. Mas Deus disse: ‘Não, eu quero te dar mais do que isso’.” Essa mulher, hoje, sabe o que é amar o seu inimigo. Ela viveu o preço de seguir a Jesus.
Temos visto e ouvido diversas histórias de cristãos perseguidos e refugiados que são desafiados a continuarem seguindo os passos de Jesus. Por mais que ouçamos e conheçamos as histórias, não chegamos perto de entender o que isso significa. Porém, histórias como essa nos trazem a esperança de um Deus que continua operando milagres, levantando pessoas que têm a coragem de seguirem os passos de nosso Mestre e terem a mesma influência e peso de Jesus, sendo consolados e suportados pelo Espírito Santo. Que Ele brilha sua luz por meio da vida delas e que elas vejam Sua face.
(texto traduzido e adaptado de “When ‘Love thy enemy’ gets real“)