por Weston Rayborn

As sombras estão desenhadas na parede e no chão. As câmeras já estão com o foco feito. Todos estão em seus lugares, aguardando. “Áudio foi. Câmera foi. Ação.” A entrevista começa. Esperando que as perguntas sejam traduzidas para o árabe, Tânia* senta pacientemente em sua cadeira, mas seu olhar de 80 anos é ansioso, lembrando tudo o que viveu. Tânia é muito mais do que uma refugiada de guerra: ela é mãe, avó e viúva. Embora a guerra na Síria tenha começado há 5 anos, ela descreve uma batalha que começou há mais de 50 anos.

Tânia casou-se jovem, com um homem que ela cresceu junto. Eles começaram um família juntos e tudo corria normalmente, como qualquer um da região poderia esperar. Tudo corria normalmente só até o momento em que o marido dela se converteu ao cristianismo. Foi aí que as coisas começaram a mudar. Por causa do entusiasmo e amor por Cristo que seu marido tinha, cada vez mais pessoas na comunidade começaram a perceber essa mudança na família. A maioria das pessoas não recebeu bem a mensagem que o marido de Tânia pregava sobre Cristo na cidade, então eles decidiram silenciá-lo.

A essa altura da entrevista, Tânia lembra da injustiça que seu marido sofreu por causa de sua fé em Cristo: “Eles o prenderam sem uma causa justa, acusaram-no de crimes que ele não havia cometido, maltrataram-no na prisão e decretaram sua morte sem mesmo ter um julgamento”. Quando seu marido foi morto, a filha mais nova de Tânia tinha apenas 3 anos de idade. Naquele dia, 50 anos atrás, Tânia tornou-se viúva e seus 5 filhos ficaram órfãos de pai.

Hoje, Tânia e a filha mais nova estão no Brasil, salvas e seguras, e vão muito bem, considerando as circunstâncias. Apesar de terem ficado a vida inteira na Síria até que a guerra viesse, o conflito forçou-as a deixarem sua amada cidade-natal, Damasco. Quase todas as vezes que a filha fala sobre a Síria, ela pede para lembrar de orar pelo país. Elas ainda possuem família em Damasco, local histórico que tem sido um alvo cada vez mais próximo das tropas rebeldes do Estado Islâmico. Mas a esperança delas não está nas circunstâncias, mas em Deus e somente nEle, como pode ser visto claramente enquanto elas falam sobre suas vidas e continuam vivendo-as.

*Nome fictício

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Essa é uma das histórias que temos ouvido em entrevistas feitas com sírios que estão refugiados no Brasil. Elas fazem parte de um documentário que está sendo filmado, desmistificando e humanizando a questão de refugiados para a América e Europa.

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