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“Antes de o Talibã reassumir o poder em nosso país, tudo estava indo bem. Eu e minha esposa estávamos estudando e trabalhando. Trabalhávamos com uma organização americana, ajudávamos mulheres em vulnerabilidade; migrantes de regiões pobres do Afeganistão.

Nós somos Cristãos há 7 anos, ou seja, antes da atual ameaça Talibã. Na cidade onde vivíamos, todas as famílias da região eram cientes da fé que professamos. Também sabiam que trabalhávamos com os americanos. Quando o poderio Talibã retornou em 2021, nós estávamos em perigo devido à nossa fé. A verdade é que um dos objetivos do Talibã é matar todos aqueles que são Cristãos e também aqueles que trabalham para estrangeiros. Uma vez que praticávamos nossa fé abertamente, já não havia para nós a possibilidade de continuarmos ali. Fugimos para o Paquistão, onde ficamos morando por cerca de 2 anos.

Um amigo que estava no Reino Unido, nos ajudou a conseguir o visto para o Brasil. Ele tinha uma conhecida que sabia sobre a Missão MAIS e ambos nos ajudaram a chegar até aqui. Hoje estamos muito motivados, queremos estudar e trabalhar aqui no Brasil. Agora, sabemos que nosso filho terá uma vida e um futuro melhor em liberdade. Somos muito gratos aos brasileiros que nos ajudaram e ajudam diariamente.
Nossa conversão ao Cristianismo se deu por meio de uma amiga do Chipre. Em nossa cidade no Afeganistão havia uma biblioteca onde todos os nossos amigos iam para estudar uma vez na semana, era nossa oportunidade de ler a Bíblia.
Apesar de ter existido uma época onde podíamos ser publicamente Cristãos no Afeganistão, ainda não tínhamos liberdade para congregar. Na verdade, não existe um templo Cristão no Afeganistão e também não existem organizações que nos ajudem.

Mesmo no Paquistão, enfrentamos muitos problemas. Quando tivemos a oportunidade de nos refugiar no Brasil, não conseguíamos passaporte para nosso filho. Ao encontrar uma maneira de sair do país, as autoridades Paquistanesas confiscaram todos os nossos documentos quando tentamos pegar nosso voo e também levaram todo nosso dinheiro. A condição dada foi que caso não pagássemos, eles nos colocariam na prisão.

Naquele dia perdemos nosso voo e eles ficaram por dois meses com os nossos documentos. Tivemos que arrumar 10 mil dólares para reverter a situação. Pegamos esse dinheiro emprestado de várias pessoas. Agora, temos liberdade e segurança no Brasil e o imenso desafio de conseguir um emprego para pagar nossas dívidas. Sonho em conseguir resolver nossas vidas e ver minha esposa realizando seu sonho, estudando e se engajando nas causas das políticas sociais”.
Irmão Khalid (nome fictício por questões de segurança).
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📸A Páscoa Invisível é um collab de foto-jornalismo com o @flninvisivel e a @fhopbr pra criar consciência sobre uma das maiores tragédias sociais que é a crise migratória oriunda da perseguição religiosa.

Venha conosco durante todo o mês de Março.

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