Sentados em um banco do Jardim Botânico, em Curitiba, é inevitável pensar no contraste da vida cotidiana em uma tarde de sol com a conversa que se desenrola. Ela remete nossa atenção à Síria e Aleppo, a uma história tão comum a tantas pessoas, mas que é preciso parar para ouvir quando uma dessas pessoas está à sua frente, contando o que viveu, não o que viu na TV ou leu nos jornais. Quem fala é Karim, sírio que buscou refúgio no Brasil e que tivemos o privilégio de acolher na MAIS.
Karim, 28 anos, é o terceiro filho entre quatro, uma mulher e três rapazes. Nascido em um lar cristão, conta que cresceu dentro da religiosidade de sua igreja e cultura. Em 2010, aos 18 anos, o alistamento obrigatório no exército da Síria convocou-o. Um ano depois, manifestantes sírios foram às ruas protestar contra o presidente Bashar al-Assad, iniciando uma série de conflitos entre o governo e a população, culminando em uma guerra civil que se arrasta até hoje. Karim já havia cumprido o tempo obrigatório (1 ano e 6 meses), mas precisou ficar mais 6 meses por conta da guerra.
Ele conta sobre sua infância, em Aleppo, e sobre os caminhos que trilhava, ora levando-o para longe do Pai, ora levando para perto dEle. “Eu só conhecia 4 igrejas em Aleppo, cada uma delas com 200-300 membros. Mas não tinha perseguição, do tipo ‘Eu vou te matar porque você é cristão’. Você só não podia pregar o Evangelho na rua.”
Ouvir sobre o Oriente Médio e perseguições, é uma coisa. Ouvir alguém que conhece essa realidade, é outra. Qual seria, então, a diferença entre ser perseguido ou não poder pregar na rua? “Se você é perseguido, você não vai ficar na sua casa. Isso significa que, por ser cristão, você não vai conseguir morar na sua aldeia, na sua cidade, onde quer que você esteja”, explica Karim sob a perspectiva de um cristão na Síria.
Mesmo com Karim já fora do exército, a saída da Síria não foi imediata: não era algo que ele desejava. Mesmo com os protestos e o início de uma guerra civil, é natural pensar: “Não vou deixar tudo o que tenho por causa disso”.
Quando questionado sobre quando isso aconteceu, sobre o exato momento em que sua família disse “Precisamos ir”, ele diz: “Meu pai estava trabalhando no campo e nas vilas. Ele viu a movimentação e ligou para mim e meus irmãos, avisando que os grupos armados estavam chegando. Mesmo assim, nós não queríamos sair. Ele ficou encurralado ali, com os rebeldes, por 3 dias, mas Deus o guardou e libertou. Foi nesse dia que nossa família decidiu sair de Aleppo”. Assim, os grupos armados tomaram as aldeias e a cidade, atacando diretamente os cristãos.
Era o início de 2013 quando a família de Karim deixou Aleppo e foi para Damasco, ao sul do país, já com o plano de deixar a Síria. Ele, então, veio para o Brasil em busca de refúgio com a primeira leva de sua família: alguns sobrinhos, um dos irmãos e a mãe.
A primeira igreja que acolheu Karim e sua família, em São Paulo, foi impactante para ele: “Eu vi um amor enorme ali. Ninguém me conhecia, mas fui recebido com carinho, abraços e lágrimas. As pessoas compartilhando a nossa dor com a gente! Aquilo mexeu comigo. Há um tempo eu havia entendi que tinha um chamado para morrer pela Palavra. Quando cheguei na MAIS e vi os missionários, eu me emocionei. Eu decidi: ‘Eu quero fazer missões. Eu quero servir a Deus.”
Karim morou em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Vila Velha. Hoje, a família está finalmente reunida, na mesma cidade: Curitiba. “E aqui está a parte da história que mais gosto”, diz ele.
“Servir a Deus é fácil. Mas poucos percebem, ou parecem não perceber, que o melhor tesouro do mundo é Ele me conhecer.”
“Estou em uma fase que não sei para onde vou. Missões? Existem muitas missões. Eu falo árabe, falo um pouco de inglês e português. Faculdade? Existem muitas que posso fazer. No momento, Deus tem pedido que eu esteja com a minha família. Foi assim que tudo começou, lá em Aleppo: eu e minha família, na igreja.”
Distante da guerra e da vida que levava, Karim, percebe que existem muitas possibilidades para sua vida, mas ele tem se rendido a só um caminho: o de Deus.
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“existem muitas possibilidades para sua vida, mas ele tem se rendido a só um caminho: o de Deus”
Amém!
Karim, preciso da sua ajuda para ajudar aqueles que não tem familia
Lindo testemunho! Que venham mais!
E também possamos aceitar o chamado de Deus em nossas vidas e ser testemunho. 😀
Quando o Pai colocou em meu coração o chamado que Ele tinha pra mim, relutei. Mas, hoje eu aceito, e testemunhos e histórias como o do Karim alegram meu coração, por que se torna cada dia mais real o meu propósito. Receber, ir de encontro, cuidar e amar os refugiados! <3
Natália, como podemos ajudar os refugiados sírios órfãos?
Eu me alegro !!!!
Maravilhoso testemunho muito impactante bencao pra mim!!!
Experiências de vida são as melhores pra nos dar visão do que é a vida…
Graças a Deus pela vida do irmão Karim e pelo milagroso escape de sua família da Síria.
Isso me chamou atenção no seu relato:
*”Há um tempo eu havia entendi que tinha um chamado para morrer pela Palavra. Quando cheguei na MAIS e vi os missionários, eu me emocionei. Eu decidi: ‘Eu quero fazer missões. Eu quero servir a Deus.”*
Linda história e Maravilhosa Vitória!
Esse trabalho não é fácil, mas vejo Deus em cada detalhe. Precisamos compartilhar as informações e conseguir recursos para MAIS.
Glória a Deus por sua vida Karim.
Bênção ler um pouco sobre o testemunho do Karim!!
Que o Senhor continue te abençoando!!